Um Amor Para Recordar: um breve comentário

Filmezinho de “Sessão da Tarde” muito bom para quem tem paciência. Se você conseguir sobreviver aos primeiros 45 minutos do filme, certamente se surpreenderá com a mensagem dele. “UM AMOR PARA RECORDAR” conta com a atuação da cantora Mandy Moore, do rodado ator Peter Coyote e do adolescente Shane West.

Ao assisti-lo pela primeira vez, quase achei ter jogado meu tempo fora, pois o início e a metade do filme são desanimadores, para dizer o mínimo. Parece ser mais uma daquelas histórias que já de início prevemos o final. De um lado temos uma adolescente cristã, filha de pastor, totalmente antiquada e antisocial e desprezada pelos seus companheiros de escola; do outro, em contraste evidente, temos um adolescente bonito, sedutor, popular e rebelde.

Por ironia do destino, os dois opostos se atraem (novidade das novidades!) e acabam se apaixonando. É a partir daí que a história dá uma guinada e a trama começa a se desenvolver em outro ritmo. Infelizmente, isto ocorre já na reta final do filme. Os minutos anteriores são até necessários ao enredo, mas são tão enfadonhos que quase não prendem nossa atenção. E aí, depois da paixão entre eles já consolidada, quando tudo concorre para o esperado final feliz, o fator surpresa acontece e o filme faz por merecer aplausos e outras reações similares.

Não fosse este final surpreendente, seria mais um filmezinho clichê, como parecia que ia acabar sendo. Mas depois que o filme acaba, a gente sente vontade de assistir de novo para prestar mais atenção às cenas pelas quais discorremos sem dar a devida importância. É exatamente como na vida!

Quantas situações de nossa vida são desvalorizadas por nós ao não lhes darmos a devida importância? Coisas que pra nós parecem rotineiras e cotidianas acabam ficando escanteadas como memórias de pouca relevância, embora acabem fazendo uma diferença imensa em nossa formação. E geralmente é só depois quando já estamos no final da jornada que a gente acaba percebendo o quanto eram preciosos aqueles momentos. E mesmo querendo voltar no tempo pra refazermos tudo com mais zelo e dedicação, sabemos que isso já não seria possível.

No caso do filme, podemos rever suas cenas quantas vezes quisermos. O mesmo não se aplica à vida, o que faz com que cada instante dela se torne um momento único que não pode ser repetido.

Não é um filme nota 10, mas possui uma grande mensagem reflexiva. A jovem adolescente religiosa tem uma conduta moralmente irrepreensível do início ao fim do filme, mas só no final a gente vai realmente entender a razão de seu comportamento. Ela havia sido forçada a refletir sobre a morte desde sua tenra idade. E isso moldou suas atitudes.

É exatamente isso que deveríamos todos fazer: dirigir nossas ações visando a única certeza que temos na vida, a morte. Independente de acreditar na reencarnação, ressurreição ou no simples desaparecimento da consciência, a morte é um fato inegável pela qual todas e todos passarão.

Só que infelizmente a maioria vive como se nunca fosse morrer e morre como se nunca houvesse vivido. Não deixam legado, não deixam um rastro que valha a pena seguir. Não cumprem sua missão espiritual nesse plano de existência. Não nutrem conceitos e valores elevados. As ambições se limitam à satisfação das necessidades físicas.

É para esta reflexão que o filme nos convida ao colocar em tela dois modos de viver extremados. De um lado um comportamento religioso quase monástico com poucos risos e diversões e de outro um modo de viver hedonista movido puramente pelo prazer individual sem nenhum comprometido com o outro.

O IBESVA prega que os extremos devem ser evitados e a Espiritualidade convida a uma vida com sentido e propósito, em que a nossa responsabilidade social não nos torna pessoas insossas e sem graça. Vale a pena dar uma conferida neste filme mas também vale a pena refletir sobre que tipo de caminho nós temos trilhado.