O Ódio Fundamentalista e os Evangélicos

Os fundamentalistas me odeiam. Eles me odeiam porque odiar é tudo que eles sabem fazer. Eles são movidos pela força do ódio. Adoram recitar I João 2:15: “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele”. É óbvio que o fazem de modo descontextualizado e tendencioso. E, como o contrário do amor é o ódio, eis um dos motivos pelos quais os extremistas não sabem viver sem ódio a tudo e a todos.

Absolutamente tudo nesse Universo Manifestado tem suas distorções para um lado ou para outro. Toda luz trás consigo seu ponto de sombra. Toda dieta pode pender para o excesso (obesidade) ou para escassez (desnutrição). E o fundamentalismo é justamente o desequilíbrio da religião. Enquanto esta prega o amor e a paz, aquele distorce seus discursos e símbolos para disseminar valores de ódio e violência. O fundamentalismo exagera a fé transformando-a em “fideísmo” e desidrata a religião removendo dela o amor e a tolerância.

O fundamentalismo está presente em TODAS as religiões. Mas é impressionante como que nos grupos evangélicos ele se enraíza e brota com mais facilidade. Isso porque ele se aproveita do DNA protestante desses grupos. Não podemos nos esquecer de que os fundadores do protestantismo eram homens com forte atuação política e social e que se insurgiram CONTRA aquilo que consideravam como abusos e distorções eclesiásticas. Os evangélicos são naturalmente beligerantes.

Só que os reformadores tinham um alvo bem claro: o papado. Os evangélicos atuais variam seu foco de acordo com a igreja onde frequentam ou o pastor que seguem. E, acreditem, os evangélicos são muito diversos entre si! Mas, concorda que unir todo esse povo sob a mesma bandeira é bastante atrativo do ponto de vista de quem quiser conduzir uma grande turba? Imagine unificar 31% da população brasileira sob os mesmos princípios políticos, econômicos ou sociais?

A única maneira de fazer com que os evangélicos esqueçam suas muitas diferenças entre si e caminhem na mesma direção é dar-lhes um inimigo em comum que de alguma maneira os assuste. Fazendo isso, o DNA protestante é imediatamente acionado e a militância evangélica se coloca em prontidão imediata para marchar “pela família com Deus”. O problema é que os evangélicos aprenderam o força do amor. Os evangélicos amam Jesus e com Ele aprenderam a amar. Logo, para que os evangélicos se unam pela força do ódio, é necessário transformá-los em “fundamentalistas”.

Os embusteiros da fé disseminam entre os evangélicos que as religiões deles estão sob risco iminente. As religiões de matriz africana não vão descansar enquanto não sumir do mapa com o último “crente” do Brasil. Eles fazem trabalhos e despachos contra as igrejas e os pastores e, pode ter certeza que se um pastor “cai em algum pecado” (you know what I mean) foi porque algum macumbeiro o enfeitiçou. A propósito, os comunistas estão aí pra destruir as famílias tradicionais, impondo uma agenda “gayzista” (sim, acreditem que é assim mesmo que eles falam) e pedófila para acabar com o sagrado matrimônio e os bons costumes cultivados nessas terras tupiniquins!

Também há que se tomar cuidado com os globalistas! Eles querem entregar nosso planeta ao Anticristo sob o poder de um governo único. Os muçulmanos também devem ser extintos, pois que eles aborrecem a nação de Israel, “o povo preferido de Deus”. O papa, inclusive, é um enviado de Satanás para distorcer a Bíblia e levar às almas dos incautos ao inferno com suas heresias. E a ciência está totalmente voltada à manipulação mental das pessoas, implantando nelas vírus e chips que mudam seu comportamento e é por isso que “o mundo está como está”.

É justamente disseminando essas abobrinhas e aberrações que os fundamentalistas vão convertendo boa parte dos evangélicos a se tornaram o que nunca deveriam ser: intolerantes e extremistas. Como o ambiente das igrejas evangélicas goza de uma liberdade imensa, sem prestar contas a nenhuma instância superior, a não ser a que elas mesmas criam para si, fica muito fácil propagar essas maluquices sem ter de dar prova de nada. Até porque sabemos que religião nenhuma se preocupa com provas materiais de nada!

Em suma, o fato é que os empresários gananciosos e os políticos astutos e maliciosos descobriram um nicho de mercado muito pungente entre os evangélicos. E entenderam que, através do fundamentalismo, esse grupo diverso e amplo pode ser compactado num único movimento, o que facilita seu direcionamento para onde bem entenderem. Não é necessário elencar aqui que eles agem de forma desonesta e perniciosa, pois isso é assunto para outro post.

Mas, eu quero aqui deixar claro que fundamentalistas e evangélicos não são o mesmo grupo e que devemos todos aprimorar nosso discernimento nessa questão sob pena de jogar a água do banho com o bebê dentro. Todo cristão de inclinação evangélica já notou que tem algo muito podre ocorrendo em nosso meio. Agora, chegou a hora de se posicionar. Na conjuntura em que estamos vivendo, a neutralidade se torna omissão indolente. E com isso o Mestre Jesus jamais concordaria!