MENSAGEM DE DEUS PARA VOCÊ

Se tem alguém que sabe muito bem os malefícios da religiosidade tóxica, esse cara sou eu, como diria aquele que alguns tem como o rei. Desde os sete anos de idade, vivi em um ambiente eclesiástico de gente louca, recalcada, ignorante, sexualmente frustrada e bastante contraditória. À época, eu não os via dessa maneira. Afinal, eles mesmos se auto intitulavam como porta-vozes de Deus.

Eu não entendia muito sobre o conceito de Deus naquele tempo, mas sabia que era alguém a quem eu devia respeito sob pena de ser fulminado a qualquer momento. E, como eu ainda tinha toda uma vida pela frente, eu queria conserva-la da melhor forma possível. E cedo aprendi que emitir opiniões críticas aos representantes “legítimos do Senhor” não era bom negócio para aquelas minhas pretensões.

Para um garoto pobre da favela, aquela instituição tinha lá seus atrativos. Mas eu não sabia que o preço seria a renúncia da minha inteligência, a repressão dos meus impulsos sexuais e ausência completa de atividades culturais como teatro ou circo. Tudo era coisa do demônio “num mundo que jaz no maligno”.

Foi por isso que virei teólogo! Queria entender que tipo de divindade era aquela cujos emissários eram pessoas que me davam tanto asco. Foi quando eu me formei (não em seminário, mas em faculdade) que eu pude notar que aquela gente simplesmente estava enganando uns aos outros e a si próprios. Seus ensinamentos não se sustentavam à luz da história, nem da ciência, tampouco da filosofia ou do bom senso. A tal “base bíblica” que eles tanto apregoavam só serviam para endossar suas opiniões pessoais desprovidas de qualquer contextualização.

Foi em 2004 que comecei meu processo de desintoxicação religiosa e comecei minha senda na Espiritualidade, onde me encontro vivendo e aprendendo até hoje. E é por isso que gostaria de compartilhar com vocês esse texto de Baruch Spinoza que mostra o quanto o Deus Institucional pouco ou nada se assemelha ao Deus Verdadeiro que transcende confissionalidades, denominações e expressões religiosas.

Eu pessoalmente não concordo com tudo que está descrito abaixo, mas como ensinou o apóstolo Paulo: “examinai tudo e retêm o que é bom”. Eu grifei alguns trechos que acho fundamentais para nossa meditação. Espero que façam boa leitura e compartilhem seus comentários, caso possam:

“Para de ficar rezando e batendo no peito.
O que eu quero que faças é que saias pelo mundo, desfrutes de tua vida.
Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para
ti.

Para de ir a estes templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e
que acreditas ser a minha casa.
Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nas praias. Aí é onde eu
vivo e expresso o meu amor por ti.

Para de me culpar pela tua vida miserável; eu nunca te disse que eras um
pecador.

Para de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo.
Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar dos teus
amigos, nos olhos de teu filhinho, não me encontrarás em nenhum livro.

Para de tanto ter medo de mim!
Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem me incomodo, nem te
castigo. Eu sou puro amor!
Para de me pedir perdão. Não há nada a perdoar.
Se Eu te fiz, eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos,
de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te castigar por
seres como és, se sou Eu quem te fez?

Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos os meus filhos que
não se comportam bem pelo resto da eternidade?
Que tipo de Deus pode fazer
isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento, são artimanhas para te manipular, para
te controlar, que só geram culpa em ti. Respeita o teu próximo e não faças aos
outros o que não queiras para ti.
A única coisa que te peço é que prestes
atenção à tua vida; que teu estado de alerta seja o teu guia. Tu és absolutamente
livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.
Para de crer em mim . . . crer é supor, imaginar. Eu não quero que acredites em
mim. Quero que me sintas em ti
quando beijas tua amada, quando agasalhas
tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho de mar.

Para de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Tu te
sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, da tua saúde, das tuas relações, do
mundo. Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.
Para de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram
sobre mim.

Não me procures fora! Não me acharás.
Procura-me dentro… aí é que estou, dentro de ti”.